sexta-feira, 17 de julho de 2015

Metro

Vizinhos

Não preciso comentar as vantagens de ter como vizinho o Metro. Ele nos faz vizinhos de uma parte significativa da cidade que, infelizmente, é bem menor do que deveria. É uma pena que a sua história não possa ser apontada com grandes méritos. Ela é, em parte, a história das escolhas que a população fez ao eleger os administradores da cidade e do estado. É claro que ninguém os escolheu contando que seria prejudicado pelo seu próprio voto, mas isto só reforça a responsabilidade sobre as nossas escolhas, não nos isenta delas.

A história do início do Metro do Rio é bem parecida com a da sua referência mais próxima, o Metro de São Paulo. Ambos foram sugeridos desde o ano de 1928, porém as empresas Metro do Rio e de São Paulo só vieram a ser criadas no ano de 1968, e as primeiras linhas só começaram a operar em 1974, em São Paulo, e em 1979, no Rio de Janeiro. Contudo, as histórias foram similares apenas até a formação das empresas. De lá, para cá, o Metro do Rio conta com apenas cerca de 40 km de rede e transporta 780 mil passageiros por dia, enquanto a rede paulista é de cerca de 80 km e o transporte diário é de cerca de quatro milhões e meio de pessoas em linhas onde os trens se deslocam com até 100 km por hora, enquanto a velocidade dos trens cariocas é da ordem de 60 km por hora. Nem vale a pena, aqui, estender a comparação com outras cidades do mundo onde as redes são medidas em centenas de quilômetros.

Seguimos, então, com as nossas precariedades e distorções. A ausência de um planejamento integrado é a característica mais relevante deste vizinho do qual usufruo privilegiadamente. Seria muito bom que, no mínimo, as seis linhas que do seu projeto integral já estivessem em operação, mas o fato é que ninguém consegue, sequer, descrever com clareza os seus percursos e estações, este assunto é um saco de gatos, e a confusão, esta sim, parece planejada com o objetivo de escapar ao controle público. Assim, a cidade continua escrava e refém dos proprietários das empresas de ônibus que nem mesmo prestam um serviço decente. Transportam a população como animais ou cargas inanimadas em veículos que, conforme um amigo especialista no setor, mais parecem carrocerias montadas sobre chassis de caminhões travestidos de ônibus, embora os proprietários insistam em negar que seja assim. 

Estes grupos se representam institucionalmente pela reunião de seus sindicatos, a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros) que já foi denunciada pelo ex-deputado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Helio Luz, como um poder paralelo, o verdadeiro crime organizado cuja capacidade financeira e de organização os criminosos comuns não têm. Aliás, demonstrando um avanço em sua organização, será um consórcio formado pelos operadores dos quatro meios de transportes da cidade (trem, metrô, barcas e ônibus) quem operará pelos próximos 25 anos o sistema VLT – Veículo Leve sobre Trilhos cuja construção vem sendo alardeada com pompa, mas que pouco significa diante da integração de transportes de massa que os habitantes e trabalhadores da cidade efetivamente precisam e merecem.  Vizinho bom esse Metro, mas complicado!

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As linhas do Metro - Um saco de gatos!
Jamais alguém soube com clareza quais seriam as linhas do Metro RJ.
Qual o percurso e quais as estações?


Momento de descontração
Piada: as três barrinhas deveriam sugerir um "E" de "Engenharia"
Algo que certamente a cidade não tem é uma engenharia de tráfego.




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