domingo, 23 de agosto de 2015

"ai, ai, ai, família é mãe e pai"


Opinião
Em meio a desestímulos, greve de professores nas universidades, manifestações de baixa estima e conflito de opiniões, o Brasil vai executando o seu Plano Nacional de Educação – PNE agora com a elaboração dos planos estaduais e municipais. Infelizmente este não é o tema que ocupa as manchetes dos noticiários e, assim, não é replicado nas conversas populares cotidianas. Mas, em âmbito mais restrito, entre grupos específicos de interesse, os debates estão ocorrendo e as informações estão disponíveis.

Um surto conservador estimulado pela conjuntura política tem se manifestado em todo o país e o centro dos debates tem sido as diversidades, especialmente aquelas representadas pela palavra "gênero". A ação conservadora nas câmaras parlamentares municipais e estaduais tem sido tão expressiva que em várias situações a palavra “gênero” foi simplesmente excluída de qualquer parte de texto dos planos de educação aprovados. Na prática isto significa que as estruturas de educação e ensino submetidas a estas leis deverão passar longe das discussões sobre as diversidades em suas múltiplas formas.

No último dia 11/08/2015 a câmara de vereadores de São Paulo aprovou em primeira votação o plano municipal da cidade que é possivelmente a mais importante do país sob a óptica política. Nas galerias, chamados de fascistas pelos grupos mais progressistas,  os manifestantes conservadores gritavam "ai, ai, ai, família é mãe e pai". A palavra “gênero” foi excluída do texto.

A disputa prossegue. Qual a educação que buscamos? Uma educação formadora de um ser humano com visão abrangente, observador e crítico, independentemente de suas escolhas políticas, ou queremos uma educação apenas geradora de mão de obra com qualidade e especializada para um sistema de produção que determina currículos, uma educação que forma especialistas, tecnocratas, competidores sem visão crítica da sociedade em que vivem?

Queremos uma educação “para o mercado” que acolhe ou descarta educandos conforme o estado da arte das tecnologias e a demanda circunstancial dos interesses do sistema capitalista de produção, ou queremos formar o ser humano sem preconceitos, solidário,  idealizador e capaz de construir uma sociedade justa?

Acho uma discussão interessante, mas o que valorizo aqui é a divulgação dos planos e dos debates em torno deles. E na sua cidade o Plano já foi elaborado, o resultado final foi legal, você sabe o que rolou por aí?




Nenhum comentário:

Postar um comentário