terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Bento Carneiro e o eleitor brasileiro

Opinião


Recebi o que seria a cópia de uma mensagem endereçada ao “povo do Rio de Janeiro” onde estavam relacionados cerca de dez hospitais da cidade e arredores, além de citar genericamente as UPAs. Após o nome da cada hospital havia a expressão “FECHADO”.

A mensagem dizia que o “povo” do Rio de Janeiro não devia reclamar porque “vocês”, dizia o texto “lotaram o Maracanã, ... foram assistir aos jogos Olímpicos, ... festejaram o Réveillon em Copacabana e ... irão lotar a Sapucaí”. Concluía ironizando que “tudo estava na mais perfeita ordem” e pedia aos leitores que repassassem a mensagem para as pessoas do Rio de Janeiro.

Esse tipo de mensagem é recorrente e revela um autoritarismo que já seria bastante para desconsiderá-la. Alguém cujo voto foi vencido, não importa a sua opção política, volta-se raivosamente contra os que votaram na candidatura vitoriosa, desqualificando o voto do outro que teria votado “errado”.  Ainda raivosamente, tal e qual o personagem imortal do humorista Chico Anísio, “Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro”, o autor roga uma praga, lança uma “mardição” para os eleitores. Vocês vão ver!

No caso específico eu também gostaria que o resultado eleitoral fosse outro. Mas, não dá para bancar o Calunga, fiel escudeiro de Bento Carneiro. Esse tipo de atitude anda de braços dados com as ações golpistas. As pessoas vão ao Maracanã, ao Museu do Amanhã, ao Réveillon em Copacabana e à Sapucaí porque são festas bonitas, trazem  felicidade para elas e, afinal de contas, foram construídas com o dinheiro delas. Bom seria que outras fontes de felicidade também existissem ou funcionassem, por exemplo, as unidades hospitalares que estão fechadas em decorrência de roubo da coisa pública.

Embora algumas pessoas, que refletiram e fizeram conexões entre as situações, protestem em favor de uma, boicotando os eventos associados à outra, o que é um procedimento correto, uma ação política positiva e que deveria ser frequente, apontar as pessoas que ainda não atingiram esse amadurecimento político como culpadas porque os seus candidatos não cumpriram as suas promessas não faz sentido. É um comportamento medíocre e tacanho.

Ninguém vota nem escolhe o seu candidato pensando “votarei nesse porque ele vai me fuder!”. Também não conheço qualquer candidato que se apresente dizendo “vote em mim porque eu vou botar no seu cú!”.

As pessoas votam pensando que estão fazendo a melhor escolha para si naquele momento. Há uma minoria que distingue com clareza as candidaturas e que vota mesmo sabendo que suas propostas são enganosas e que não contemplarão o desejo da maioria dos eleitores. Porém, todas votam buscando o melhor para si, e a maioria vota acreditando nas mensagens que receberam dos candidatos e nas conclusões que tiraram. Se elas são vítimas de propagandas enganosas de candidaturas canalhas é outro caso.

Pensar que uma população inteira votou sabendo que seria enganada é uma presunção. Uma arrogância babaca de quem acha que todos estão errados e malucos, só ele tem razão e discernimento. Quem faz essa avaliação é o mesmo fulano que diante de um roubo, um furto, reage apontando a vítima como culpada porque deixou a bolsa aberta ou a carteira dando sopa. Posso estar enganado, mas geralmente são covardes que fogem da responsabilidade de acusar diretamente o ladrão.

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