sábado, 18 de novembro de 2017

Lamas que não param

Opinião

Para fazer a pregação de suas ideias a partir de uma posição confortável, a direita coxinha se faz passar por apartidária – assexuada politicamente. Protege-se das réplicas acocorando-se em um montinho nebuloso de conceitos difusos que ela chama de moralidade, ética, isenção e outros termos que possa interpretar conforme os seus interesses. Ela tenta parecer com aquelas iconografias católicas de anjinhos sem pirocas, nem bundas, nem xerecas, apenas carinhas sorridentes, cada qual em seu montinho de... nuvens. Essa é a direita coxinha.

Contudo, no dia a dia, a direita coxinha está por aí, representada em todas as suas vontades pelo conjunto de partidos políticos que sustentaram o golpe parlamentar de 2016, que sustentam o governo Temer e cujos representantes, vários deles, estão em cana ou acusados com provas explícitas de corrupção.

Esses partidos, longe da impotência assexuada que a direita coxinha tenta utilizar como disfarce, fornicam os trabalhadores brasileiros e permanecem organizados ainda com poderes absurdos, como demonstraram em votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 17/11/2017, libertando corruptos comprovados, no rastro dos acontecimentos de Brasília que libertaram o senador líder tucano flagrado com a mão na propina e com a propina nos bolsos.

Os participantes da direita coxinha que divulgam suas ideias nas redes sociais e que não gostam de ser identificados com os grupos nem com as ações de seus representantes parlamentares discursam indignação e revolta, apregoam que o mundo todo é ladrão, desqualificam o país, desqualificam a sociedade, criminalizam a organização social, enfim, distribuem tapas para todos os lados fazendo de tudo para que as disputas de ideias sejam vistas, não como disputas, mas como confusão. Na confusão todos se igualam e não haverá responsáveis. Mas, não enganam! Foi a direita coxinha quem, derrotada na última eleição presidencial, sustentou e valorizou o golpe parlamentar e que sustenta e valoriza o golpe complementar das reformas trabalhista e previdenciária que vem sendo levadas a cabo por seus representantes levados ao poder. É a direita coxinha que floreia e adorna medidas que, na prática, admitem o trabalho escravo, que fazem pouco caso da realidade brasileira argumentando  que logo estaremos vivendo 140 anos e que apelidam de empreendedor o coitado desempregado obrigado a torrar suas poupanças para sobreviver.

De fato, seria um equívoco afirmar uma unanimidade de pensamento na direita coxinha. Alguns já foram além e apoiam explicitamente um golpe militar enquanto outros ainda disfarçam propósitos democráticos. Há, ainda, os que estão percebendo que “entraram de gaiato no navio, entraram pelo cano”, parafraseando os Paralamas do Sucesso. Não encontram alternativas de representação por uma razão bem clara: não têm, nunca tiveram propostas de projetos políticos. Até aqui, não conseguiram conceber nada melhor que um “capitão de bravata” que pode, sem qualquer  prejuízo, ser confundido com um “cagalhão de gravata”, esse “oitavo passageiro”, um Alien que se conseguirem parir os devorará. Há outras tentativas Huck ou Hulk, não me cabe saber o correto, se será o menino propaganda do caldeirão global ou algum outro monstro tão incrível como o da Marvel Comics. Coisa de coxinha!

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