domingo, 11 de março de 2018

Ganhe o seu dia – leia Chomsky.

Opinião

Esse gigante político que marcou sua presença de forma indelével no século XX continua apaixonando os militantes da esquerda – eu entre eles. Quem quiser conferir veja a entrevista recente publicada no jornal El Pais em 10 de março, último: Noam Chomsky: “As pessoas já não acreditam nos fatos”.

Recentemente recebi uma charge com os dizeres “ Coxinha macho mesmo larga o apartamento e vai morar na favela. Lá tem tudo que ele adora: Estado mínimo e intervenção militar”. A charge soa como piada, mas vejam o pronunciamento do Chomsky:

P. Então o neoliberalismo triunfou?

R. O neoliberalismo existe, mas só para os pobres. O mercado livre é para eles, não para nós. Essa é a história do capitalismo. As grandes corporações empreenderam a luta de classes, são autênticos marxistas, mas com os valores invertidos. Os princípios do livre mercado são ótimos para ser aplicados aos pobres, mas os muito ricos são protegidos. As grandes indústrias de energia recebem subvenções de centenas de milhões de dólares, a economia de alta tecnologia se beneficia das pesquisas públicas de décadas anteriores, as entidades financeiras obtêm ajuda maciça depois de afundar… Todas elas vivem com um seguro: são consideradas muito grandes para cair e são resgatadas se têm problemas. No fim das contas, os impostos servem para subvencionar essas entidades e com elas, os ricos e poderosos. Mas além disso se diz à população que o Estado é o problema e se reduz seu campo de ação. E o que ocorre? Seu espaço é ocupado pelo poder privado, e a tirania das grandes corporações fica cada vez maior.

E para aqueles que ainda olham estupefados a guinada para a direita ocorrida na ordem política brasileira pós-mandatos populares de Lula e Dilma, veja uma situação na pátria liberal, os EUA,  sob a óptica do Chomsky .

P. Acha possível que se repita o que ocorreu nos anos trinta?

R. A situação se deteriorou. Depois da eleição de Barack Obama se desencadeou uma reação racista de enorme virulência, com campanhas que negavam sua cidadania e identificavam o presidente negro com o anticristo. Houve muitas manifestações de ódio. No entanto, os EUA não são a República de Weimar [democracia alemã anterior ao nazismo]. Precisamos estar preocupados, mas as probabilidades de que se repita algo assim não são altas.

E por aí vai. Quem se interessar leia a entrevista, na íntegra, no link abaixo. Sugiro que o façam: 

<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/06/cultura/1520352987_936609.html>  Publicada em 10/03/2018  - Acesso em 11/03/2018.

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